Algumas palavras são usadas erroneamente por algumas pessoas para descrever ou comparar o capitalismo ou fases dele. Um desses erros é chamar um dono de fábrica de “rei” dos automóveis, ou dos tecidos, etc. O erro se encontra na submissão que o empresário – chamado de rei – tem, coisa que o rei não encontra.
Um rei, ao querer fazer alguma empreitada, precisa da aprovação dos súditos, ou ao menos da passividade deles. O empresário não tem essa autonomia toda de um mandante; na verdade é exatamente o contrário, ele é um servente. Isto é, invés de ele ser o “rei” dos automóveis, na verdade ele é um servente dos compradores dos automóveis. O capitalismo, na verdade, um sistema de submissão mútua entre os produtores, funcionários e consumidores. Nesse resumo, iremos debater um pouco melhor essa ideia
História do Capitalismo
As manufaturas eram especialmente urbanas, ditas industrias de beneficiamento que trabalhavam para produzir bens caros, voltados para os ricos. Contudo, nas zonas rurais começou haver uma expansão enorme da população, o que gerou falta de alimentos, moradias e empregos. A introdução dessas pessoas em fábricas urbanas era vedada pelos reis, e o numero crescente de párias da sociedade era considerado uma ameaça para a sociedade vigente.
Foi destes párias que surgiu o capitalismo moderno. Invés de produzir pouco produtos caros para atender à nobreza, essas pessoas pobres produziam muitos produtos baratos para atender a massa. É nisso que se baseia o capitalismo de hoje em dia (época da palestra de Mises, 1959): produção em massa.
Do proletário para o proletário
Entretanto, os problemas acusados pelos esquerdistas de que o capitalismo serve para atender as vontades do capitalismo não poderia estar mais errado. Os bens produzidos pelos trabalhadores é consumido por ele próprio.
Quando se diz “o cliente sempre tem a razão”, cai-se no erro de achar que o consumidor não é ele próprio o trabalhador que produz aquele bem ou mesmo outro de algum outro setor. Da mesma forma, quando coloca-se o capitalista como o dono do mundo, também cai-se no erro de esquecer que se o consumidor parar de consumir o produto do capitalista, ele fali completamente,
Pôr o capitalismo como um sistema de dominação de uns e submissão de outros numa hierarquia opressora é esquecer da interdependência dos seres humanos na cooperação voluntária, que era assim nas primeiras civilizações e é hoje, num sistema mais evoluído de produção em massa.
Monopólio em livre mercado?
Contudo, ainda sobre as evoluções da humanidade via capitalismo, podemos entender que o livre mercado é a beleza de todo o sistema. Digamos que essa produção em massa seja acusada por odiadores do capitalismo por ser um sistema que tende ao monopólio. Ora, se o possível ou real monopólio ou oligopólio de algum setor ou bem é estabelecido, significa que aquele(s) produtor(es) está(ão) atendendo as necessidades dos consumidores.
Dessa forma, se alguma hora houver desagrado dos consumidores, outro ofertante aparecerá atendendo estas demandas. Melhor, vamos imaginar o setor das ferrovias nos estados unidos, que eram oligopólios enormes. As barreiras a entrada eram enormes e, por isso, a concorrência era dificultada. Pelo livre mercado, não se é garantido que todos possam produzir a mesma coisa, mas sim fazer algo diferente ou comparável. Não se pode construir várias ferrovias uma encima da outra com a ideia de livre mercado.
No entanto, o que ferrou as ferrovias foram os automóveis, aviões, ônibus, caminhões, navios, que modificaram o transporte do mundo. Toda a evolução que vemos hoje no transporte de passageiros não foi orquestrado por nenhum capitalista individual, mas por ofertantes de novas formas de atender as necessidades das grandes massas (ou, em certos casos, de setores específicos onde as grandes produtoras não conseguem ou não querem ofertar)
“O desenvolvimento do capitalismo consiste em que cada homem tem o direito de servir melhor e/ou mais barato o seu cliente. E, num tempo relativamente curto, esse método, esse princípio, transformou a face do mundo, possibilitando um crescimento sem precedentes da população mundial.”
O milagre do Capitalismo
O capitalismo é o sistema econômico que consegue fazer com que um homem sirva o melhor possível outro homem, e que esse o recompense bem pelo que lhe foi servido. Quando a humanidade conseguiu fazer com que esse sistema de voluntariedade se fizesse, os níveis de qualidade de vida cresceram absurdamente. No gráfico abaixo você pode conferir uma observação muito famosa nas discussões econômicas que mostra a evolução da qualidade de vida da população mundial.
A história
Quando algum amigo ou pessoa próxima te disser algo contra o capitalismo, é interessante que o questione sobre essas questões. É interessante que o faça pensar sobre como era a qualidade de vida antes do capitalismo. Será que as pessoas foram obrigadas a trabalharem nas fábricas ao serem sequestradas de suas fazendas familiares?
O que ocorre é exatamente o contrário: a qualidade de vida era tão horrível que Adam Smith, contemporâneo da Inglaterra no ápice da Revolução Industrial, diz que as pessoas deveriam ter ao menos quatro filhos, visto que ao menos dois deles provavelmente não alcançariam a vida adulta. As crianças não estavam brincando na rua ou estudando e foram obrigadas a irem trabalhar. Na verdade, essas crianças estavam morrendo. As mulheres não estavam pintando quadros ou cuidando de suas casas. Em verdade, elas estavam lutando pela sobrevivência.
As condições de trabalho da época eram horríveis, mesmo nas fábricas, mas isso possibilitou a humanidade atravessar a um ponto muito maior do que teve em toda a história anterior à Revolução Industrial. Uma pessoa comum hoje em dia vive absurdamente melhor que um rico do século 18. O que diferenciava uma pessoa bem de vida e uma pobre no século 18 era uma ter um sapato e outra andar descalça. Hoje, bem ou não, o que diferencia um pobre e um rico é um ter um Uno e outra uma Lamborghini. As desigualdades aumentaram, mas a qualidade de vida também, e a miséria quase desapareceu.
O ataque
Quem primeiro iniciou os ataques ao capitalismo não foram os trabalhadores ou as famílias; quem iniciou os ataques foram os donos de terra, esses que pagavam salários realmente baixos. As fábricas começaram funcionar a todo vapor, como retratado em A Riqueza das Nações, de Adam Smith. Ao isso ocorrer, as pessoas eram atraídas aos grandes centros fabris por buscarem salários maiores, o que tirava mão-de-obra dos donos de terra com seus funcionários em níveis de pobreza alarmante.
Até existe um relato, provavelmente inventado, de um dono de terra que viu um antigo funcionário de sua fazenda, e o perguntou: “por que saiu e minha fazenda e veio trabalhar nas fabricas?”. O funcionário respondeu algo como: “Na fazenda não tem como eu ouvir musica e beber cerveja”.
Em condições ruins comparadas a hoje, temos que entender que, mesmo com todos os problemas, a qualidade de vida melhora a cada década. Graças ao capitalismo, a humanidade está desfrutando de padrões de vida nunca vistos antes, e poderia ser muito melhor se os estados não tivessem e continuassem causando tantos problemas ao mercado, seja investindo em guerras, seja tratando o mercado como um inimigo (impostos, regulamentações, distorções monetárias, etc.)
Incoerências marxistas
Incrivelmente, quem deu nome ao capitalismo não foi um simpatizante dele. Quem o primeiro fez foi Karl Marx, o descrevendo até que de uma forma bacana, se entendermos que o capitalismo realmente foi o sistema que conseguiu fazer com que muitas pessoas tivessem o excesso do que era necessário para sua sobrevivência, podendo poupar e investir. Ele trata essa questão como se fosse algo ruim, mas isso é facilmente rebatido.
Quando alguém consegue poupar, quem sabe, dez mil reais, essa pessoa pode emprestar a algum empresário para que ele abra sua empresa em troca de um retorno por juros. Esse empresário (o capitalista), irá fazer planos para empregar seu dinheiro, contratando funcionários e comprando insumos. Somente após tudo dar certo (se der) é que o empresário conseguirá ter seus lucros. Os trabalhadores, por outro lado, imediatamente terão seus benefícios.
Sempre que isso ocorre, os padrões de vida aumentam, e isso foi observado na Europa, com a população mundial alcançando marcas nunca antes vistas, e continuam aumentando até hoje. A ideia de Karl Marx seria que se houvesse acumulo de capital e os trabalhadores tivessem mais filhos, esses filhos cresceriam e entrariam no mercado de trabalho, aumentando a oferta e, por consequência, diminuindo os salários s níveis de miséria.
Considerações finais
De certa maneira, Marx estava certo ao entender que se a população crescer e o investimento em capital produtivo do país não acompanhar, a miséria é certa. No entanto, o livre mercado faz essas flutuações normalmente, e mais prospera ou não será um país de acordo com a liberdade que as pessoas tem de servir umas as outras.
O “Milagre” da Alemanha pós Segunda Guerra Mundial não foi um milagre, mas apenas pessoas fazendo o que naturalmente fazem: trocas voluntárias. O que a Alemanha e diversos outros países fizeram e deram certo não foram milagres, foram politicas econômicas sólidas, e é em crescimento que isso resulta.
E aí, gostou do conteúdo? Te vejo no próximo capítulo.