O que é mais-valia

O que é mais-valia?

Frequentemente ocorrem discussões entre esquerdistas e direitistas sobre a natureza da produção. Imposto é roubo ou lucro é roubo? Portanto, vamos entrar um pouco mais fundo sobre o que é a natureza do capital segundo Marx, dando foco, desta vez, no que é a mais-valia.

Fundo teórico

Adam Smith

Primeiramente temos que falar de Adam Smith, considerado por muitos o pai da Economia e um exemplo de liberal. Ele, David Ricardo e alguns outros economistas acreditavam no valor-trabalho. Esta teoria entende que o valor de uma mercadoria é a quantidade de trabalho que foi necessário para sua produção. 

Ou seja, se A demora 10 minutos para produzir B demora 100 minutos para produzir C, é de se esperar que C seja dez vezes mais caro que B. Dessa maneira, Smith usou esta teoria inicial para embasar sua teoria do valor no livro A Riqueza das Nações, teoria esta que foi usada por Marx.

Karl Marx

Nesse contexto, é importante entendermos que Marx entendia que o capital faz com que tudo vire mercadoria. Assim, o capitalista cria uma mercadoria e vende, da mesma forma que o trabalhador tem sua mão-de-obra e vende, sendo esta última vendida como mercadoria.

Sendo assim, para a produção de qualquer mercadoria, o capitalista tira os trabalhadores dos campos e também tira as possibilidades de trabalhar para si mesmo, como fazia no campo sendo um artesão. Agora, ele é obrigado a trabalhar numa fábrica e produzir fazendo uma só função.

Todavia, Marx faz a abstração dessa produção da mercadoria. Podemos ver a produção como resultado da compra de uma mercadoria inicial (insumo), que passa pela fábrica e sai de lá um novo produto. Este é, portanto, o processo D – M – D’, sendo D o dinheiro,  M a mercadoria e D’ o mais-dinheiro, ou seja, o dinheiro valendo mais depois do processo fabril. Mas espera aí! Como foi criado esse valor no dinheiro? Como D virou D’?

Mais-valia

Finalmente, após chegar no produto final, vamos voltar ao inicio da produção fabril. O valor-trabalho preconiza que o valor de uma mercadoria é a quantidade média de tempo necessário para a produção de uma mercadoria. Dessa maneira, vamos imaginar um trabalhador que, ao vender sua mão-de-obra, trabalhe 10 horas num dia. Assim ele trabalhará para produzir, digamos, R$ 1.000,00 para o capitalista. 

O capitalista, por sua vez, para iniciar o processo, precisará gastar com insumos, que, digamos, custe R$ 700,00. Combinando tudo, temos que o capitalista, após pagar  trabalhador e os insumos, tem:  R$ 1.000,00 – R$ 100,00 – R$ 700,00 = R$ 200,00. 

Dessa forma, Marx desenha a produção capitalista para dizer que esses R$ 200,00, o D’, é o mais valor, ou seja, o valor que o produto absorveu no processo de produção. Isto é, o valor que faz D virar D’ é o valor que o trabalhador exerce sobre a mercadoria. 

Portanto, se o trabalhador produziu, em todo o processo, R$ 1.000,00, por que ele recebeu apenas  R$ 100,00? Karl Marx dirá, assim, que esse lucro é roubo, pois ele não foi dado ao trabalhador, verdadeiro criador de valor da produção.

Mais-valia absoluta

Nesse contexto, agora vamos entrar na mais valia firmada na teoria do valor-trabalho. Isto é, podemos entender que se o valor de uma mercadoria é a quantidade de trabalho nela, o lucro é parte desse trabalho. 

Imaginemos, pois, um trabalhador que trabalha 10 horas e produz R$ 1.000,00. Ou seja, ele produz R$ 100,00 por hora. Se trabalhasse 20 horas, produziria, ceteris paribus, R$ 2.000,00.

Nesse sentido, o que um capitalista tentará fazer é pagar ao trabalhador sua diária, que é R$ 100,00, mas fazer ele trabalhar mais de 10 horas. Assim, seu custo para produzir a mercadoria continuará sendo de R$ 700,00 (insumo) + R$ 100,00 (salário), mas seu lucro – caso o trabalhador fique por 12 hora na fábrica – R$ 1.200,00 (valor que o trabalhador produziu) – R$ 700,00 (insumo) – R$ 100,00 (salário) =  R$ 400,00. 

Sendo assim, a mais-valia relativa significa, pelas horas de trabalho, conseguir cada vez mais lucro sobre as horas trabalhadas.

Mais-valia relativa

Por outo lado, a mais-valia relativa vai quase que em contrapartida a mais-valia absoluta. Imagine um padeiro que produz, com as próprias mãos, R$ 1.000,00 por dia para o dono da padaria. No entanto, o dono da padaria compra uma máquina que agiliza seu trabalho em 70%. Agora, ele consegue produzir R$ 1.700,00 por dia. 

Dessa maneira, o dono da padaria conseguiu fazer com que seu empregado trabalhasse a mesma quantidade de horas e produzisse 70% mais. A mais-valia relativa, portanto, é o aumento do lucro dos capitalistas com relação aos avanços técnicos e aumento da eficiência.