Lacração e masculinidade

O ano de 2022 para a indústria do cinema pôs em seu top 5 de piores filmes/séries com maior parte dos personagens principais atrizes mulheres (Anéis do Poder, She-Hulk, Resident Evil). Do contrário, as melhores protagonizaram personagens masculinos (Maverick TopGun, Batman, Avatar). Isso significa que sou Migtow redpill sigma male? Não. Significa que enxerguei na indústria cinematográfica o óbvio: apesar do mundo tentar fugir do natural, as pessoas ainda tem senso do ridículo.

Retrospectiva 2022

Isso não me leva a pensar na possibilidade de homens serem melhores que as mulheres em matéria de arte, ou que existe um machismo estrutural na sociedade que fez com que as bilheterias dos filmes com protagonistas femininas tenham sido vergonhosos. 

No entanto, me leva a pensar na possibilidade bem grande de que as pessoas não são tão imbecis como os diretores e produtores de cinema acham que são. Vou adotar alguns pontos para tentar chegar aos motivos do fato das mulheres terem protagonizado os maiores vexames de 2022.

Filme Top Gun: Maverick

Os motivos

O primeiro motivo é simples: assistimos filmes querendo entretenimento ou uma boa obra de arte, mesmo que tenhamos outros gostos na vida. Você pode adorar a cor rosa, mas ao assistir um filme de terror não vai querer que o filtro do filme seja rosa, já que fugiria totalmente da proposta do filme. Estou quase certo de que os produtores musicais e cinematográficos da indústria moderna são mais empresários atrás de lucros que pessoas buscando engrandecer a 7° arte.

O segundo ponto me parece mais complicado, mas não me foge da cabeça. Eu, quem estou escrevendo esse artigo, sou jovem, negro, e nasci nas periferias de São Paulo, mais especificamente em São Matheus, na zona leste da capital. Isso me dá lugar de fala (como odeio esse termo) para mostrar como não existe ódio natural das pessoas com minorias.

 Nasci e cresci num lugar que viviam loiros, negros, pardos, ruivos, evangélicos, macumbeiros, católicos, espiritas e o que mais quiser pôr junto. Todos pertenciam mais ou menos a mesma classe social, mas as diferenças culturais eram enormes. Isso significa que em minha lente de enxergar o mundo, ao menos no Brasil (e parece que o mundo no geral não é absurdamente diferente disso) as pessoas não são preconceituosas, e querem apenas viverem em paz.

O último ponto é o que quero mostrar nesse artigo: as pessoas de diferentes culturas não se odeia, mas não sei até onde isso será assim.

Série She-Hulk

Movimentos Sociais

Ao longo da minha vida fui aprendendo viver com várias pessoas de vários grupos sociais. Já conheci e convivi com pessoas multimilionárias, com pessoas que passavam fome, com africanos, com dinamarqueses e com pessoas das mais diversas religiões. No entanto, todas elas, na minha visão, pareciam tentar achar um ponto em comum para socializarem e serem amigas, seja o futebol, a bebida, a arte ou qualquer outra coisa.

Entretanto, desde meados de 2010 com a popularização das redes sociais como o Facebook e Instagram (mais antigamente o Orkut, MSN e até mesmo o Chat da UOL) a integração de diversas culturas tem se tornado mais evidente. Só que, da mesma forma que a integração tem evidenciado uma inclusão maior das minorias na sociedade em geral, o ódio contra essas minorias também tem se alastrado. 

Quero dizer, por que entendo que muitos homens héteros têm raiva de gays aparentemente sem motivo algum? São religiosos tradicionalistas e não querem que a sociedade ocidental desmorone? Não acredito nisso, até por esses mesmos héteros serem também degenerados. Ao meu olhar, o que faz esses homens e mulheres héteros terem essa aversão não sejam as pessoas em si, mas a forma como os movimentos sociais dessas minorias se manifestam na sociedade. 

Por exemplo, a causa do MTST é justa? Eu acredito que sim. Não sei se sabem, mas hoje sou um economista da Escola Austríaca, mas quando jovem, já fui simpatizante da causa operária, lia Gramsci, Marx, Engels e Bakunin e me achava o maior revolucionário já visto.

Entretanto, o que faz com que as pessoas tenham aversão a estes movimentos (e foi o que me tirou deles) é a forma como as reivindicações são feitas. Qual o problema de pessoas terem seus próprios lares? Qual o problema de negros, mulheres, gays e minorias religiosas quererem seu espaço na sociedade? Nenhum. Mas não é tão simples.

Mulheres não têm nenhum direito a menos que homens, mas mesmo assim os movimentos feministas lutam contra “direitos iguais”. É como se um jogo estivesse empatado 1×1 e o treinador xingasse e gritasse à beira do campo como se tivesse 4×0 para o time adversário.

Negros vieram da Àfrica vendidos por outros  negros, lutaram por seus direitos na América e hoje temos negros como Pelé, Neymar, 50 Centavos, Snoop Dogg, Tiger Woods, Lázaro Ramos, etc. Como pode negros serem tão violentos na luta contra os brancos se ele virou rei na terra de onde pisou a primeira vez como escravo?

Filme The Batman

O cinema

Voltando a falar do cinema, não quero dizer nem que mulheres e negros são inferiores, nem que a sociedade é preconceituosa por natureza com essas classes. No entanto, ao longo de um enorme período de movimentos sociais orquestrados por influentes analfabetos políticos, ou melhor, intelectuais canalhas, a classe artística está cada vez menos artística. As músicas são cada vez menos ricas, o cinema cada vez mais chato e previsível, os livros cada vez menos atrativos. A sociedade artística está resumida em cu e dinheiro. 

Sendo assim, a única coisa que esses medíocres sabe fazer com absurda eficiência é estragar o belo. Quem diria que poucos séculos atrás tínhamos negros e mulheres como Machado de Assis, Nina Simone, Pelé, Cartola e diversos outros artistas que eram aplaudidos em todos os palcos que iam, e hoje, ao ver um filme que a personagem principal é uma mulher e negra (como o caso de Homens de Preto – Internacional e Resident Evil) já ficamos com um pé atrás.

O que aconteceu é que as pessoas normais, trabalhadoras, que têm seu contato com o natural, não se importam com o sexo, etnia, ou opção sexual de ninguém quando se trata de arte. O que querem é arte. Infelizmente, o que o cinema se tornou e está se tornando é tudo, menos arte. 

A conclusão é simples: não foram as mulheres que passaram vergonha e nem os homens que foram vitoriosos. A lacração, representada pela falta de busca do belo e a imposição de ideologias sem sentido, perdeu; e a masculinidade, representada não pelo homem em si, mas pelos valores morais ou, no mínimo, pelo belo, venceu. 

Sinceramente espero que essa análise não seja interpretada como uma visão tradicionalista, nem tampouco preconceituosa com qualquer um. Mas, sim, espero que as bilheterias continuem boicotando o ridículo, o forçado, e deem valor ao belo, a arte, seja essa arte estrelada por uma pessoa do sexo masculino, feminino, seja essa pessoa branca, preta, hétero, gay ou o que for.