Resenha 1917

Resenha: 1917

O filme 1917 é dirigido por [não importa] e roteirizado por [também não importa] (nunca leio quem fez ou deixou de fazer o filme, pois sou anticult e burro). Ele começa bem preguiçoso, sem palavras, com alguns soldados exaustos, num lugar calmo, e daí já podemos tirar algumas observações mais pra frente.

O enredo do filme é basicamente dois soldados com uma missão de levar uma mensagem ao batalhão aliado para cancelarem um bombardeio. No entanto, o que menos importa é o roteiro. Ao menos em minha visão, o filme é bem mais do que uma história cativante como somos acostumados a ver.

O filme só tem um corte em 1h59 de tela. ele é sufocante, mas isso é ótimo para a experiência. As poucas palavras não prejudicam em nada o entendimento do que a obra quer passar (sim, a obra foi feita sozinha, sem um diretor e roteirista, do qual não me importo quem foi). Em todos os momentos do filme nos sentimos cansados junto com os personagens, desorientados, entregues ao próximo minuto, e sem saber o que esperar.

A guerra

O enredo do filme é basicamente dois soldados com uma missão de levar uma mensagem ao batalhão aliado para cancelarem um bombardeio. No entanto, o que menos importa é o roteiro. Ao menos em minha visão, o filme é bem mais do que uma história cativante como somos acostumados a ver.

Logo no começo, na cena dos soldados descansando, pude começar ver a forma como o filme se desenrolaria: sem palavras, mas com sensações. Não tem como colocar em palavras a experiência de se sentir numa guerra, com as dores, preocupações e medos dos soldados. Sem muitas mortes fortes, o filme se mostra quase que exclusivamente visual , como se você fossemos um fantasma que persegue os personagens enquanto eles vão rumo ao inesperado.

Filmografia

Esse filme divide os burros de cinema (como possivelmente eu) dos que têm tato ao entender imagens. Os soldados nunca falam “estou com fome”, “quero morrer”, “estou desesperado”, “não tenho esperanças”, mas você entende tudo. 

Como se fosse um fantasma acompanhando os 2 soldados, o restante da guerra é observado pela câmera como uma criança curiosa olhando o mundo caótico enquanto dá as mãos para seu pai que corre na frente dela para guiar para um lugar desconhecido.

A câmera sempre focada nos protagonistas, passa por alguns caminhos inacreditáveis, e que contam outras histórias sem que nenhuma palavra seja dita. Tecnicamente, o filme é impecável, e em matéria de arte, ele é ainda mais impressionante.

Quem dirigiu a as cenas de transição deste filme é simplesmente um gênio. Além de você tentar descobrir quando tem um corte e nunca conseguir ver, a maquiagem do filme é inacreditável. Você nunca sabe onde tem um corte porque as cenas são perfeitamente encaixadas para terem momentos de distração. Quem assiste está tentando absorver a quantidade enorme de informações ou não-informações passadas, enquanto o safado do câmera faz uma bruxaria e provavelmente corta, sem você saber se ele realmente o fez, tendo uma sensação absurda de sufocamento de tela.

E em matéria de maquiagem, uma cena que você precisa ver é quando um dos personagens sofre um acidente que tira muito de seu sangue, e, como é de se esperar, ele fica pálido. Mas como que o miserável fica pálido numa cena sem cortes, você vendo como se ele estivesse na sua frente, sem aquelas jogadas de câmeras usuais em filmes de ação? Em questão de segundos ele sai de um homem forte para quase um cadáver, sem que você saiba se teve algum corte, edição ou o que quer que seja. A experiência é realmente incrível

Desfecho

O meio pra o final do filme não é o ápice dele. Todos os momentos são pequenos ápices que não param, não enjoam e nos imerge cada vez mais na tela. Se por um lado temos imersões impessoais no primeiro ato, no segundo temos uma passagem de bastão. Um dos soldados tem uma motivação pessoal para a missão, enquanto o outro está ali quase que por obedecer uma ordem.

No entanto, quando tudo muda, o que não tinha motivação aparece como um herói isolado, admirado até mesmo pelos soldados sobreviventes, mais fortes que ele. Numa cena de um caminhão atolado, vemos 10 homens sem proósito, apenas esperando ordens, parados ao verem o caminhão. Enquanto isso, um único homem com um objetivo maior que sua própria vida, se levanta para mudar o mundo de quem precisava dele.

Temos um paralelo parecido com Resgate do Soldado Ryan, mas, pra mim, muito maior. Este filme é inacreditavelmente o filme mais sem paralelos que eu já assisti. Pode ser incrivelmente cativante para quem entende, e terrivelmente chato para quem busca filmes de guerra com mortes feias, heróis com a bandeira dos Estados Unidos ou um beijo romântico no final. Ele quebra muitos clichês, e por isso merece toda admiração de quem realmente ama cinema.