Resumo: A Riqueza das Nações - Capítulo 1

Resumo: A Riqueza das Nações – Capítulo 1

Bem vindos ao primeiro capítulo do resumo de A Riqueza das Nações, onde vamos falar sobre a divisão do trabalho! Espero que você tenha visto a apresentação da obra e adquirido o PDF gratuito do livro. Se sim, vamos continuar.

Primeiramente, preciso dizer que o primeiro capítulo de A Riqueza das Nações é o que vai nos mostrar, com o clichê do exemplo dos alfinetes, como a divisão do trabalho opera. Porém, é importante que você não ache que este livre se resume à divisão do trabalho ou questões simplistas. Sendo assim, vamos ao capítulo.

Economia primitiva

Inicialmente, parece que toda a evolução de uma nação ou de uma tribo são frutos da divisão do trabalho. Parece fácil dizer que a divisão do trabalho é mais fácil de ser visualizada em uma grande fábrica, como uma de automóveis, mas não é exatamente assim. 

A divisão do trabalho pode ser vista de diversas formas e em diversos períodos da história humana. Vemos que, em economias primitivas, homens caçadores eram fortes e, por isso, tinham vantagens em caçar quando comparados com crianças, mulheres, idosos ou doentes. No entanto, existiam homens que não eram tão fortes, mas tinham boas habilidades na produção de arcos, por exemplo. 

Entretanto, a natureza da cooperação humana fez com que o homem mais forte ou hábil se dedicasse somente à caça. Estes fizeram isso pois perceberam que existia uma vantagem comparativa ali. Isto é, perceberam que valia mais a pena caçar mais até do que era necessário para sua família e vender essa caça aos produtores de arcos. 

Fazendo escambo, puderam se dedicar apenas à caça, enquanto o o produtor de arcos, apenas isso. Essa característica humana faz com que nações mais evoluídas fossem as que apresentassem maior nível de complexidade da divisão do trabalho. 

Economia evoluída

Logo após essa divisão do trabalho primitiva, podemos evidenciar a famosa produção de alfinetes em uma economia evoluída. Agora, não temos mais a divisão de objetivos ou profissões, mas a divisão de pequenas tarefas que buscam a produção de algo. 

Portanto, no caso da produção de alfinetes, o objetivo é produzir alfinetes, e as tarefas são o que caracterizam a divisão do trabalho: uma pessoa solta o arame, outra afina, mais algumas cortam; para fazer a cabeça, no entanto, precisa-se de um trabalho mais complexo.

 

Exemplo prático

Contudo, podemos ir mais a fundo. Imagine, por exemplo, eu, quem estou escrevendo esse artigo: estou no computador, meus livros estão apoiados numa estante de madeira parafusada na parede. Vou parar aqui para destrinchar esses três objetos: computador, livro e estante.

Certamente que os livros foram feitos por um autor, que usou papel e caneta ou um computador. No caso de ter sido caneta e papel, precisou existir uma série de pessoas e empresas para produzir a tinta da caneta. Do mesmo modo, para produzir o plástico que rodeia, a bolinha de metal da ponta. Isso é o mínimo para a produção de uma caneta simples. Essas são as etapas mínimas para fazer somente a tinta:

Imagem de tintasepinturas.pt

Para produzir cada um desses insumos, precisou de outra linha de produção. Se quisermos produzir o plástico que envolve a caneta, iremos cair em outra linha de produção individual que terá mais insumos. A bolinha de metal da ponta da caneta, também. Percebe a quantidade de etapas e, portanto, trabalhadores divididos em diversos setores são precisos para produzir uma única caneta? É simplesmente incalculável.

Espera, eu não acabei. Por enquanto, só falei da caneta que o escritor do meu livro usou para começar escrever. Ainda tem o livro, que usa diversos materiais além do papel. Esqueci de mencionar o computador que tem plástico, e diversos materiais tecnológicos que precisam de vários insumos. A madeira rustica da minha prateleira fui eu mesmo quem fiz, mas, mesmo assim, precisou que alguém para plantar, cuidar, cortar, fatiar e passar. 

Consegue entender que é impossível calcular  a quantidade de pessoas necessárias para eu poder estar no conforto do meu quarto escrevendo esse artigo? Faça isso você mesmo antes de dormir e tenho certeza que vai ver o dia nascer e não vai ter terminado de calcular.

Numa sociedade primitiva, eu estar no conforto do meu quarto seria simplesmente impossível, pois, como disse na primeira frase do capítulo, “parece que toda a evolução de uma nação ou de uma tribo são frutos da divisão do trabalho“. Melhor ainda, vou usar a frase do próprio Smith:

“O maior aprimoramento das forças produtivas do trabalho, e a maior parte da habilidade, destreza e bom senso com os quais o trabalho é em toda parte dirigido ou executado, parecem ter sido resultados da divisão do trabalho.”

Evolução da divisão do trabalho

Certos estamos de que a divisão do trabalho aumenta a qualidade de vida das pessoas. Entendido isso, vamos entender o que faz a divisão do trabalho atingir maiores patamares. Isto é: 1) a maior destreza do trabalhador, 2) o ganho de tempo em cada serviço e 3) as máquinas que aumentam a eficiência.

Maior destreza em cada trabalhador

A divisão do trabalho faz com que as funções sejam cada vez mais simples. Um trabalhador que passou a vida produzindo pregos pode produzir, por exemplo, 300 pregos num único dia. Ele faz todos os processos necessários prego por prego.

Agora vamos imaginar que alguns rapazes que costumavam vadiar assistindo os jogos do Vasco são chamados para produzir pregos. Nenhum deles têm ideia de como produzir um único prego, mas sabem manejar um martelo minimamente. Digamos que existam cinco processos dos quais o trabalhador experiente domina muito bem. Esses cinco processos passam por cortar, bater, amolar, limpar e polir. Cada um dos cinco garotos vascaínos terá que se preocupar em fazer uma única coisa. O que só bate, vai arrumar formas mais eficientes de bater; já o que corta, vai cortar muito mais rápido ao longo do tempo e assim vai a fora. 

Dessa forma, os cinco vadios vão conseguir produzir muito mais que o trabalhador experiente. Claro, se os pôr para produzir um prego sozinhos, vão passar mais vergonha que o Yuri Alberto no Corinthians. No entanto, o trabalho é conjunto e cada um só precisa lamber a própria caceta. Facilmente esses cinco conseguirão produzir mais de 1.000 pregos por dia em suas primeiras semanas. 

Ganho de tempo na troca de trabalhos

Os ganhos da simplificação dos serviços é enorme. Imagine um único homem que trabalha numa fazenda. Na agricultura não se é preciso dividir tanto o trabalho e, por isso, as fábricas evoluem mais que as fazendas em vários sentidos.  Esse trabalhador do campo acorda pela manhã e tira leite da vaca, depois sai desse serviço e, não sei, vai preparar a terra; depois disso, sai dessa ultima função, troca de ferramentas e começa plantar; mais uma vez, troca de função e ferramentas para só aí começar seu outro serviço. 

Numa fábrica, o trabalhador trabalha apenas martelando ou cortando ou qualquer outra coisa, mas sempre uma única coisa. Assim, ele nunca precisa gastar o tempo de transição. Nesse processo, geralmente é o tempo de tomar aquele cafézinho e falar da novela com o outro companheiro que também está trocando de turno. Quanto maior a divisão do trabalho, menores as distrações no trabalho, maior a dedicação e, consequentemente, maior a eficiência.

Invenção de máquinas

Quando um trabalhador, depois de aumentado sua destreza e mais concentrado, começa pensar em como melhorar a qualidade e a velocidade com as quais faz seu trabalho. Adam Smith usa um exemplo maravilhoso para entendermos esse conceito:

Nas primeiras bombas de incêndio um rapaz estava constantemente entretido em abrir e fechar alternadamente a comunicação existente entre a caldeira e o cilindro, conforme o pistão subia ou descia. Um desses rapazes, que gostava de brincar com seus companheiros, observou que, puxando com um barbante a partir da alavanca da válvula que abria essa comunicação com um outro componente da máquina, a válvula poderia abrir e fechar sem ajuda dele, deixando-o livre para divertir-se com seus colegas.

Contudo, nem sempre as evoluções técnicas são feitas por pessoas que trabalham no setor. Para isso, pessoas que trabalham apenas estudando máquinas e criando novas são contratadas para pesquisas. Smith os chama de filósofos, mas hoje podemos dizer que são os engenheiros e pesquisadores. 

Conclusão

Por fim, Smith diz que a complexidade de funções que a divisão do trabalho traz às nações é grande o suficiente para diminuir as diferenças entre classes sociais. O leque de produtos e serviços disponíveis a um trabalhador comum não é tão diferente de um rei africano que controla a vida de 10.000 selvagens nus.

Isso significa que a vida e os confortos que as cidades urbanas traz não é fruto do governo ou de qualquer intervenção divina, mas sim da cooperação e da divisão do trabalho.

Espero que suas pupilas tenham dilatado e você tenha dado uma pequena soprada de alegria ao sentir um pouco desse livro.

Te vejo no próximo capítulo.