Agora que o estado esta estabelecido pela força, o problema da “nobreza”, dos parasitas, é se manter intelectualmente no poder. Por mais que possam usar a força para controlar divergentes de opinião, todos os governos precisam de uma aceitação razoável de apoiadores.
O governo pode até comprar uma parte da população oferecendo benefícios, como é o caso dos militares que apelam para o patriotismo e juram suas vidas em defesa da pátria; ou mesmo os funcionários públicos que têm estabilidade financeira ao participar e defender o governo. Isso não tem a ver com direita ou esquerda, mas com a defesa do status quo
Os intelectuais
Um dos mais importantes agentes para a manutenção de um estado, além dos militares, são os intelectuais. São eles que mantém a população com o imaginário escravizado; os intelectuais são os que formam na cabeça dos súditos a ideia de que sem o governo, algo muito ruim aconteceria.
Imagine o estado como se fosse um marido agressor. O papel dos intelectuais seria como a vizinha fofoqueira que diz para a mulher que está sendo agredida que é melhor ela ser agredida mesmo, pois se sair da casa do marido, o mundo que a espera é muito mais severo e injusto. Não poderia ser mais víbora e filha do diabo. (Com certeza Rothbard não escreveu dessa forma, sou eu quem estou tentando melhorar sua imaginação hehe)
Nesse sentido, o que mais impulsiona os intelectuais a defender o estado é que a função que ele presta a sociedade não é como a de um engenheiro, construtor ou cozinheiro, que produz seu produto e o vende, tendo receitas e uma vida financeira estável. O intelectual precisa se manter “vendendo sua arte na praia”.
O estado, portanto, “compra” estes intelectuais para defende-lo, o sustentando financeiramente, aumentando os cargos públicos e os enchendo-o de honrarias. Paulo Freire e o final da carreira intelectual de Otto Maria Carpeaux remetem a isto.
Apelo social
Existem basicamente duas frentes que os intelectuais contratados pelo governo atuam: (a) a de que os governantes são seres superiores intelectualmente ne, às vezes, até ditos seres divinos – um deus literal – ou enviado por um deus; e (b) o contra-ataque de pensamentos independentes de que o governo não é a íunica ou a melhor forma de organizar uma sociedade. No segundo caso, o medo de algo alternativo ao status quo é disseminado entre os súditos.
Juntamente com o pensamentos de que o governante é um ser divino – ou enviado por um – e que alternativas diferentes do estado parasita, vem a tona as guerras. Quando um rei pretende expandir seu território, ele pode convencer os cidadãos – que serão seus guerreiros na linha de frente -, que o território vizinho é uma ameaça a sua religião, a terra natal, costumes, etc.
Neste estagio, a população aceita o estado parasitário por medo de estar indo contra a “sabedoria” dos ancestrais ou dos governantes que “construíram” a civilização que hoje eles vivem.
Morte ao indivíduo
Um dos ataques mais covardes que o governo pode e faz com a população é tentar mudar os parâmetros morais sobre o individualismo e o coletivismo. Por isso, o governo tenta ao máximo educar as pessoas desde cedo para não pensarem individualmente. Sozinhas, as pessoas são bem mais fáceis de entender a lógica do mundo a sua volta e, claro, tratar o governo com maior desconfiança. Por isso, o governo ridiculariza e trata como conspirador ou maluco qualquer um que critique o status quo. Rothbard explica:
“Dê ouvido apenas aos seus irmãos” ou “Aja conforme a sociedade” tornam-se assim as armas para esmagar a dissensão individual. Através destes meios, as massas nunca vão descobrir que o rei está nu.
Chegando a este pensamento, facilmente ele pode se tornar um inimigo do estado. Mesmo que ele não tenha ânimo ou coragem para bater de frente com o colosso, conseguirá com muita facilidade convencer outras pessoas de que o governo é um inimigo.
Modernidade: onde o poste mija no cachorro
Não muitos séculos atrás, no 19, por exemplo, se você dissesse a alguém que no século 21 o governo controlaria a moeda, a educação, a saúde e a segurança, muito provavelmente essa pessoa ficaria abismada com o tamanho que o “estado minimokkk” dos liberalecos se tornou.
Hoje, mais que aceitar o governo, as pessoas são tratadas como se elas próprias fossem as criminosas da sociedade. Enriquecer a si próprio por meio de trocas voluntárias é visto como algo egoísta. Assim, ações do governo para tirar parte do dinheiro doa mais ricos é um ato de caridade aos mais pobres.
Mais perigoso ainda: a modernidade trouxe um novo deus ao mundo dos defensores do estado: a ciência. Quem é contra as “leis” positivadas, às teorias econômicas tiradas do cool ou a “ciência” é tratado como um louco negacionista.
Rothbard diz que ideias maléficas vendidas no século 18/19 poderiam ser mais facilmente rejeitadas, mas hoje, com o atual poder ideológico do estado, absurdos pintados de equações keynesianas infelizmente são recebidos com mais facilidade.
“O homem comum, quaisquer que sejam as suas falhas, pelo menos vê claramente que o governo é algo que existe à parte de si e à parte da maioria dos seus concidadãos — que o governo é um poder separado, independente e hostil, apenas parcialmente sob o seu controle e capaz de prejudicá-lo seriamente.
Não é por acaso que roubar o governo é visto em geral como um crime de menor magnitude do que roubar um indivíduo, ou até mesmo uma empresa. O que está por trás desta visão, creio eu, é a profunda noção de que há um antagonismo fundamental entre o governo e as pessoas que ele governa.
O governo é tido não como um comitê de cidadãos eleitos para resolver os problemas comuns de toda população, mas sim como uma corporação autônoma e separada, dedicada principalmente à exploração da população para benefício dos seus próprios membros.
Quando um cidadão é roubado, uma pessoa digna foi privada dos frutos do seu esforço e poupança; quando o governo é roubado, o pior que acontece é que uns patifes ociosos ficam com menos dinheiro para brincar do que tinham antes. A noção de que mereceram ganhar esse dinheiro não passa pela cabeça de ninguém; afina, para qualquer pessoa sensata, esta ideia é ridícula.”
Espero que tenha gostado. Até o próximo capítulo.