Resumo: Economia Numa Única Lição - Capítulo 4 (Gastos Públicos)

Resumo: Economia numa única lição – Capítulo 4

A crença

Não existe crença mais impregnada no imaginário econômico geral de que os gastos do governo são essenciais. Sem o governo, quem faria hospitais ou pavimentaria as ruas? O que o governo faz sistematicamente é fazer problemas para ele mesmo consertar, como foi o caso da Grande Depressão. 

Mas o pior de tudo é que pensa-se que o governo gasta o que falta no mercado. Se o mercado está em baixa, basta que o governo injete dinheiro na economia. Nesse caso, muitos pensam que para resolver o problema é só o governo se endividar infinitamente, já que a “nação deve a si mesma”. O que maioria das pessoas e muitos economistas não percebem é que aumento de gastos do governo hoje só conseguem ser resolvidos com aumento de impostos amanhã ou com inflações absurdas.

Mais um problema: esses mesmos economistas nunca pararam para refletir sobre o fato de que a inflação, na verdade, é o aumento de impostos a médio ou longo prazo, ou como gosto de dizer: inflação é roubo.

O Golpe

Existem gastos do governo com intuito de fazer escolas, hospitais ou qualquer coisa que seja dita como essencial. No entanto, vou me abster apenas a falar sobre os gastos que são feitos com intenção de gerar empregos ou aumentar riqueza.

Vamos ao caso da construção de uma ponte. Quando chega próximo ao período eleitoral, se aumentam os gastos no sentido de construir coisas visíveis, como um metrô, novos ônibus ou parques bonitos. Quando o político propõe esse gasto, usa um argumento antes da construção e outro depois.

O anterior à construção é de que se a construção não for feita, empregos não serão gerados e pessoas ficarão desempregadas; o posterior a construção é que se não fosse feita a construção, a imponente ponte ou o belo parque não existiria.

Vamos pensar, agora, na construção de casas para pessoas em situação de vulnerabilidade. Para construí-las, a aprovação não é muito difícil, basta dizer que é para os pobres. Desta vez, quando estiverem construindo, os construtores estarão ganhando dinheiro todos os meses e alimentando suas famílias; os políticos, fazendo o máximo para mostrar para a população; e esta última, estará passando na rua e vendo as casas se erguendo. Após a construção, todos verão casas lindas, o governo fará uma grande inauguração e os moradores irão mostrar aos amigos as bênçãos do governo.

É bem fácil para o governo fazer tal façanha pelo golpe visual fácil de ser aplicado.

Os Efeitos

Nem economistas nem as pessoas comuns sabem ver além do que está sendo mostrado. Se para construir as casas foram despendidos dez milhões de reais, ou ele foi impresso ou roubado via imposto. É inteligente pensar que quando se cava um buraco e faz-se uma pilha ao lado, foi criado uma pilha de areia? Completamente não! Só foi, na melhor das hipóteses, transferência de recursos.

O governo NUNCA (eu disse NUNCA!) consegue gerar riquezas ou melhorar a vida das pessoas. Ele pode até beneficiar a curto prazo a vida dos moradores das casas ou dos construtores empregados, mas daí existem dois problemas: 

  1. Na construção foram empregados pessoas e recursos que deixaram de ser usados para produzir ouras coisas, como pães, roupas, livros ou o que quer que seja; e 
  2. o dinheiro usado ali será cobrado, mais tarde via impostos. 

Às vezes o governo usa dinheiro de caixa para fazer obras, mas esmagadora maioria das vezes é se endividando, o que será cobrado das pessoas mais tarde; ou então ele imprime moeda e paga, que também será cobrado dos escravos depois.

Existe, ainda, a opção dos pagadores das casas populares demorarem 30 anos para quitarem suas dívidas, o que também será pago por todos. Ou seja, em todos os casos, para beneficiar um, foi necessário prejudicar outro.

 

A Iniciativa Privada

Por último, um dos ataques que se fazem aos que são contra gastos do governo é que “se não fosse o governo, a iniciativa privada nunca iria gastar quatrocentos trilhões para tirar nove bilhões de brasileiros da miséria”. Isso pode até ser verdade, mas de onde veio o dinheiro público? Quero dizer, de onde vem o dinheiro de uma quadrilha senão do bolso de um trabalhador honesto? 

Todo dinheiro do governo veio da iniciativa privada. E será mesmo que os políticos são tão acima da média para saberem alocar recursos melhor que a iniciativa privada? Será que nós, numa democracia, estamos tão longe assim de governos de economia centralizada como eram os russos sob o governo stalinista? 

Claro, não estou colocando os dois regimes em pé de igualdade, mas quero dizer que já houveram exemplos econômicos suficientes na história econômica mundial para os economistas entenderem que não existe nenhuma possibilidade de um governo centralizado monopolizar as decisões de alocação de recursos sem desperdiçar, destruir ou, no mínimo, atrasar a geração de riquezas naturais dos indivíduos pacíficos. 

Na melhor das hipóteses, um governo pode fazer como a criança na praia: tirar forçadamente areia de um lugar e coloca no outro sem  ninguém pedir. Mesmo assim, coloque na sua cabeça: Gastos do governo significam aumento de impostos, e nunca (NUNCA!) se pode pensar que o governo gera empregos ou aumenta renda de ninguém. O mercado, e somente o mercado, ao longo de toda a história da humanidade, foi capaz de tirar pessoas da miséria e levá-las à prosperidade econômica.

Espero que tenha gostado. Até o próximo capítulo.