Resumo: Democracia, o deus que falhou - Capítulo 5

Resumo: Democracia, o deus que falhou – Capítulo 5

Centralização e a Secessão

O estado é essencialmente um monopolista parasita. Para ele se manter, precisa constantemente expropriar, roubar, matar e o que mais for necessário para manter sua parasitagem. No entanto, para que isso continue, ele precisa ou tributar mais ou expandir seu território. 

Ou seja, ou ele explora mais internamente (população) ou externamente (outros estados), mas para a segunda opção ele precisará entrar em conflito. Como um bom ladrão monopolista, o estado só admite que ele mesmo roube. Isso tende a formar estados cada vez mais centralizados até que, em última instancia, um governo mundial.

Isso quase aconteceu no século XX com a criação da ONU, do FMI, OTAN, etc., todos com enorme participação dos Estados Unidos. Essa participação foi ativa principalmente na Europa que, após o Euro, está fadada às centralizações impostas por quem quer que decida democraticamente. Mas a Europa não foi centralizada após o Euro, isso é anterior. 

Hoppe mostra que, por exemplo, durante a segunda metade do século XVII, a Alemanha tinha aproximadamente 234 países, sendo 51 cidades livres e 1.500 propriedades senhoriais independentes. No início do século XIX, o número total dessas três categorias caiu para menos que 50. 

Se a União Europeia é um ovo quebrado, as tendências centralizadoras do passado são como esse mesmo ovo caindo; era obvio que, da mesma forma que o ovo caindo alguma hora iria quebrar, a centralização da Europa alguma hora resultaria em estados maiores e, agora, numa união. Da mesma forma os estados voluntariamente unidos viraram os Estados Unidos da América.

Problema da centralização

Pessoas

São poucos os teóricos, mesmo favoráveis a democracia, que defendem a expansão dela. Mesmo Rousseau, um dos maiores defensores da democracia, dizia que se ela se alargasse muito não haveria como saber realmente as vontades do povo. Por exemplo, se você mora com seus pais ou com um amigo e alguma hora se sente lesado de alguma forma, pode simplesmente ir embora daquelas regras impostas. Se vivêssemos em ilhas, por exemplo, contando que a travessia do mar não fosse um problema, se não se sentisse bem na ilha que mora, poderia simplesmente ir para outra. 

Agora pense se fosse um Pangeia governado por um único rei ou governante? Para onde iria se a vontade da maioria te esmagasse ou se simplesmente não concordasse? Se tivesse apenas duas ilhas, mas mesmo assim você não tivesse condições ou autorização para trocar de ilha? A dificuldade de suas vontades serem correspondidas num governo mais centralizado é pior. 

Governos

Da mesma forma, é economicamente impensável a ideia de que centralização gera riqueza. Isso é provado quando vemos a diferença do PIB do Brasil, um país continental, e o Japão, Coreia do Sul ou o Reino Unido. Visto que já demonstramos que quanto maior o estado, maior seu monopólio e menor seu interesse em diminuir impostos ou aumentar a eficiência de seus serviços de proteção e justiça. 

Em democracias mais desenvolvidas até mesmo serviços anteriormente feitos pela iniciativa privada como hospitais, serviços de entrega ou de lazer. Tanto os Estados Unidos depois de sua unificação quanto a Europa desde o processo de sua centralização até a União Europeia, têm sido alvo de constantes serviços prestados pela democracia centralizada: maiores impostos, menor qualidade de vida, maiores taxas de criminalidade e padrões morais sendo deturpados e, claro, o processo de descivilização cada vez maior. 

Isso explica o domínio da Europa Ocidental no século XIX, sobre o Oriente; isso explica o domínio os Estados Unidos sobre o mundo. Quanto maior for o estado e menor for sua concorrência, menos incentivos o governo terá para praticar atos liberais em seu território. Nesse interim dos acontecimentos históricos, atos em favor da secessão se fazem necessários.

Integração forçada

A centralização implica necessariamente na integração forçada de povos. Por exemplo, os povos que foram dominados pela Rússia e começaram fazer parte da União Soviética eram dominados pelas políticas e costumes de outros povos, se sentindo cada vez mais roubados de sua cultura. 

Arthur do Val, o Mamãefalei, em podcast no Spotniks, disse ser a favor de uma reforma nas unidades federativas. Provavelmente ele não é a favor da secessão como Hoppe, mas é interessante para ilustrar a ideia.

A existência de uma integração forçada traz, desde a da URSS até a demonstrada pelo baixinho estatista, a proliferação de ódio entre os povos. Se um governo se expande e traz para si o controle sobre diversas culturas. Os habitantes do Sul odeiam os do Norteste e vice versa por serem obrigados a conviver forçadamente. Da mesma forma, economicamente temos estados deficitários que vivem da parasitagem de outros estados. Se fossem cada um protagonista de sua própria economia, visitariam uns aos outros sem problemas desse tipo.

Imigração

A imigração também é outro problema da centralização. Somente se a secessão for proliferada e as comunidades forem regionais com vista apenas onde a cultura aceita as decisões ali tomadas, os governantes daquele local não terão nenhum incentivo a crescerem seus territórios. Isso trará outras culturas que admirem a cultura local. Da mesma forma, esse governo será automaticamente liberal, já que se ele aumentar impostos ou for agressivo, mesmo com as diferenças de cultura, as pessoas mudarão de região, deixando aquele governo.

É fato, portanto, que se existissem milhares de regiões diferentes que não ultrapassassem seus limites regionais, as disputas seriam mercadológicas. Em primeira instância, para manter ou atrair pessoas para suas economias; em segundo lugar, haveria concorrência, mais que econômica, social e cultural, ao passo que as melhores culturas seriam imitadas e as piores cairiam na miséria e no esquecimento.

Conclusão

Hoppe, por último, termina o capítulo dizendo o seguinte:

“A secessão, se for efetivada em uma escala suficientemente grande, pode mudar tudo isso. O mundo se constituiria de dezenas de milhares de diferentes países, regiões e cantões; de centenas de milhares de cidades livres independentes, como as atuais “esquisitices” 

Aumentariam consideravelmente as oportunidades de migração economicamente motivada, e o mundo consistiria em pequenos territórios de governos liberais economicamente integrados através do livre comércio e de uma moeda-mercadoria internacional (como o ouro). Seria um mundo inédito de prosperidade, de crescimento econômico e de progresso cultural.”

 

Espero que tenha gostado. Te vejo no próximo capítulo.